terça-feira, 15 de outubro de 2013

Jornalismo Investigativo e o conteúdo diferenciado

O futuro do jornalismo passa, obrigatoriamente, pela publicação de conteúdo de alta qualidade técnica e ética. E mais: que consiga ser independente, rompa com o agendamento de pautas perpetrado pela grande imprensa e contribua para o desenvolvimento do senso crítico do público. Parece muito?! E é. Entretanto, o modelo de jornalismo praticado atualmente, com foco no factual, repetição de cobertura em várias plataformas e apelo ao fait-divers, demonstra a falência da proposta em voga. Caem a audiência ou circulação, há conseqüente fuga de anunciantes, se enxugam os recursos humanos das redações a fim de que os profissionais sejam "polivalentes" e "multiplataformas", enfim, há uma grande precarização do que deveria ser o jornalismo. Quem perde com isso é a democracia e a sociedade. As redes sociais e o jornalismo digital, e por que não, a proposta inovadora do "snow fals", do New York Times, vencedor do prêmio Pulitzer de Jornalismo em 2013, apontam caminhos mas não substituem per si as plataformas tradicionais, seja em termos de tradição tampouco em estrutura narrativa. Cada um tem sua especificidade.
Deste modo, a crise do jornalismo está relacionada com a perda de qualidade do conteúdo e da função social da profissão; e, por que não, da reconfiguração da notícia em produto para consumo das massas... afinal, a espetacularização do noticiário e a banalização da violência se tornaram paradigmas.
Vamos recuperar o prestígio da reportagem, da investigação, das pautas analíticas e do fomento ao debate público. O jornalismo de registro do factual, da mera confirmação da pauta através de perguntas que sugerem respostas e adepto do "fontismo" vai perdendo espaço. As novas tecnologias de comunicação demandam uma nova postura de empresas e profissionais mas, independente dos canais onde se veicula a informação, estão em evidência o propósito, a credibilidade e o conteúdo de qualidade.
Jornalismo Investigativo é sinônimo de investimento, tanto em recursos humanos como materiais. Significa ainda romper deadlines, ser perseverante, ter senso crítico e dominar as técnicas de apuração e cobertura.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Por que o Globo mente

Mentiras de O Globo - vamos ver o porquê: com o antetítulo "a volta dos sindicatos" e logo abaixo a manchete "novos protestos fecham estradas e ruas pelo país" sugere-se ao leitor que o sindicalismo é pernicioso, traz transtornos e ainda im...pediu o direito legítimo de ir e vir. Resumir a greve geral nacional ao fechamento de estradas é reducionismo demais, a fim de subliminarmente vender a mensagem de que o povo organizado em plataformas tradicionais como partidos e sindicatos deve ser evitada por ser "antiquada"... a expressão "a volta" no antetítulo dá a entender que houve um retorno, oportunista, às ruas. Ou ainda procurar transmitir a ideia de que os sindicatos estão falidos como forma de representação. Ora, ora. Eles sempre estiveram aí, a frente de questões muito importantes. Embora alguns possam ter um bando de pelegos como líderes para justamente fazer o jogo do patrão, a imensa maioria das associações sindicais defende os direitos legítimos dos empregados e traz pautas de interesse da sociedade. Então, não há porque falar em "volta"... Vamos analisar também outro aspecto da reportagem de O Globo - o subtítulo "atos de centrais mobilizaram menos que manifestações de jovens no mês passado" procura cindir os movimentos para marcar uma ruptura e jogar uns contra os outros (sindicalistas x manifestantes ‪#‎vemprarua‬); aliás, o que a grande mídia desde o inicio tentou fazer: explorar de forma maniqueista o manifestante "pacífico" do "vândalo", sem tentar ao menos entender a violência como uma fala ou até como legítima defesa. Outra estratégia foi destacar o repúdio ao partidarismo político - que, por sua vez, deve ser lido como um estranhamento aos partidos espúrios, mancomunados, e não ao exercício salutar da participação política e cidadã.
Para finalizar, outro subtítulo "(...) termina em confronto no Centro entre PMS e um grupo de mascarados" é o cúmulo do absurdo - eles se referem aos manifestantes? Até porque se existiam mascarados de um lado, do outro lado foram flagrados integrantes do batalhão de choque com o rosto e o nome na farda cobertos, atirando contra a população nos prédios que apoiavam a manifestação. E ainda por cima a cobertura dos coletivos, como a mídia ninja e o ECOS, mostrou bem quem iniciou o confronto! Então três pautas concretas podem ser tiradas disso tudo- renuncia, impeachment ou deposição do governador; implementação do conselho federal de jornalismo e prisão preventiva dos integrantes da tropa da PM a fim de averiguar abusos. Alô Ministério Público, cadê você? Não se esqueça da PEC 37