sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Dicas sobre radiojornalismo

Os meios de comunicação são mediadores, pelo menos em tese, entre os fatos e o conhecimento do público. Por isso, deveriam ser canais de promoção de conhecimento, de formação de idéias e de sentimentos. Em outra postagem, dissertaremos mais sobre a falácia do mito da neutralidade jornalística e o papel do jornal. Abaixo dicas sobre radiojornalismo:

 Credibilidade e Prestação de Serviços formam o alicerce de todo jornalismo sério e competente. Pensamos o jornalismo como instrumento eficaz de informação e defesa do legítimo interesse da coletividade.  O rádio informativo talvez seja, entre todos os meios de comunicação, pelo seu alcance e pela intimidade que consegue com cada indivíduo e cidadão, o que mais promove a incorporação do homem ao mundo. Radiojornalismo: é a transmissão com responsabilidade social. Trabalhar em rádio que faz jornalismo é conviver com exigências diversas, como o improviso, o imediatismo; é estar sempre diante de duas linhas opostas e saber que a ideal é uma terceira, tênue demais, que está sempre impondo limites aos arrebatamentos do profissional.
 A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
O noticiário matutino é geralmente o mais ouvido porque o cidadão quer chegar ao trabalho já conhecedor das principais notícias. Esta é uma exigência do mundo moderno.
 Audiência e emissora se identificam e interagem. Todo procedimento jornalístico é resultado desta interação. A primeira aplicação prática do rádio (na época radiotelegrafia) foi a comunicação entre navios e terra. Ainda sem voz, a transmissão feita pelas ondas sonoras significaram rapidez e eficiência no salvamento de vidas e propriedades do mar. Isto faz quase um século. Hoje, o rádio moderno, tecnicamente sofisticado, companhia do indivíduo em qualquer situação, tem, que ser também grande prestador de serviços. O radiojornalismo ganha prestígio, ao tirar proveito da agilidade de passar para o público a informação. Foi a vantagem de atingir o ouvinte no momento exato em que o fato acontece que deu ao rádio o privilégio de prestar serviços. Na década de 70, ficou para trás o veículo que dependia de um ou outro elemento responsável pela audiência (locutor, radioator, cantores de auditório). Consolidou-se um novo rádio, o rádio dependente de toda uma equipe, que conquistou definitivamente um lugar de honra na comunicação do Brasil.
 A Rotina: a programação de 24 horas ininterruptas é elaborada e transmitidas por equipes de jornalistas e técnicos que se revezam. Na troca da guarda, as principais informações são passadas ao colega que chega, informações que, repetidas de formas diversas, formam o eixo da programação. A divisão em programas é antes um expediente comercial do que a veiculação de informações específicas de um determinado horário. Mas algumas diferenças de horários são consideradas.- A superioridade de audiência do noticiário matutino faz dele o ponto de referência da programação do dia. Tudo caminha para o horário das 6 às 9 horas da manhã. Este horário catalisa o dia anterior e agenda o dia que começa.- Produzir um programa é espelhar o que houve de interessante no programa que terminou e acrescentar assuntos a serem espelhados no programa seguinte. Rádio é repetição porque a audiência é rotativa. Os programas são o contexto para a rotatividade das informações, acrescentado o registro do momento que a cidade está vivendo. A programação também acompanha o dia do cidadão em movimento.- Para traçar a pauta de cada período são feitas, em média, quatro reuniões ou quantas forem necessárias. Existem as pautas fixas, que entram a todo momento (Ex:: previsão do tempo; trânsito; boletins econômicos; pregão da Bolsa de Valores; reclamações dos ouvintes; SOS – achados e perdidos, pedidos de doações, etc; informações urgentes e sintéticas dos repórteres das ruas, fecham os círculos das informações fixas. A hora certa, dada com insistência, completa o rol de respostas às questões imediatas do ouvinte.
CREDIBILIDADE
A checagem das informações: Este é um cuidado básico. Embora o imediatismo seja o grande trunfo do rádio, toda notícia deve ser checada antes de ir ao ar. A checagem das informações ganha relevância especial em notícias de impacto emocional ou quando põem em risco a vida de pessoas. - A agilidade no trabalho de checagem é necessária, para que a notícia não perca sua atualidade. No entanto, é preciso confirmá-la através de fonte qualificada.
 A escolha cuidadosa da fonte: importante identificar a fonte adequada, para evitar a manipulação de pessoas interessadas em veicular determinada notícia. Não se pode perder o senso crítico com relação às fontes, lembrando o interesse que pode haver na veiculação da informação. Muitas vezes é preciso conferir a informação com outra fonte. É preciso refletir sobre a conveniência ou não de fontes oficiais. Muitas vezes a verdade dos fatos só será obtida ouvindo a comunidade.- Mesmo sem pauta, é preciso consultar rotineiramente as fontes, não objetivando entrevistas, apenas coletas de informações. O ideal é a citação integral e franca da fonte em assuntos gerais, mas nem sempre isto pode ser feito. Quando possível, é preciso localizá-la da maneira mais definida, mencionando o cargo que esta fonte ocupa, dentro de determinada instituição.- De qualquer modo, se o ouvinte acredita na rádio, acreditará na notícia, mesmo sem a citação da fonte. Esta confiança cega não se consegue do dia para a noite e nem se projeta para o futuro. A cada dia tem que ser realimentada.
O contato direto com o ouvinte: O ouvinte sabe que as suas preocupações pautam os noticiários da emissora, por isso sente-se à vontade para exigir atenção mesmo fora do ar. Centenas de pessoas ligam diariamente para a rádio – trabalho que começa no pronto atendimento de uma ligação e não raras vezes termina em entidade pública ou privada competente para solucionar o problema.- O atendimento à população, por telefone, talvez nunca tenha sido tão intenso como é hoje. Deste modo qualquer contato com a população por telefone, carta, e-mail ou abordagem nas ruas exige respeito, consideração em forma de resposta do profissional. Não se trata de investir em relações públicas. O radiojornalismo precisa destes contatos. Selecionar o que vai ao ar: É preciso um critério de seleção e cada veículo tem o seu próprio. O rádio é rotativo e repetitivo. Devemos pinçar as informações de que o ouvinte precisa e repeti-las várias vezes durante a programação.  A consciência de seu papel formador de opinião: A força e o poder do rádio surpreendem a todo momento. A informação repercute de forma instantânea, direta e indiretamente. Um ouve, fala para o outro e todos acompanham o fato, num alcance espantoso. A consciência disto é fundamental nas atividades do jornalismo. Consciência da capacidade que tem de atingir todas as faixas do público, de mobilizar e agitar a cidade; unir e politizar a população. Esta responsabilidade é preciso que seja lembrada, constantemente, para evitar efeitos negativos que determinadas matérias possam trazer à população. É o caso de matérias relacionadas a fatos policiais, tragédias, epidemias, etc.- O profissional de rádio tem sempre que refletir sobre quanto a população ganhará com a informação. Não se pode fazer concessão que resulte em índices de audiência, mas que comprometa a seriedade do jornalismo.- A confiança é conquistada ao longo do tempo, mas se perde do dia para a noite.