domingo, 31 de maio de 2009

Um outro olhar sobre a crise

Colapso financeiro mundial deveria ser compreendido como momento propício para rever uma série de posturas, tanto no mundo corporativo como também nas relações sociais e comportamentais.
Se aceitarmos a dialética da história, a crise serviu para mostrar ao mundo que os paradigmas do capitalismo financeiro não são incontestes. Nos deparamos com a tecnologia convertida como bem de consumo, as relações interpessoais relativizadas, a banalização do senso religioso, a informação volatilizada pelo superficialismo e quantitativo imposto pela indústria cultural, a degradação do planeta pelo uso predatório dos recursos naturais enfim... que tal uma postura “minimalista” do viver bem com pouco, do uso racional dos recursos, do retorno às relações sociais baseadas no humanismo (a praça, o bloco de rua, a vivência comunitária), a prática esportiva que valoriza o ser humano (sem dopings, marketing ou pódios), da valorização do ser em vez do ter, do uso de energias limpas, do respeito às diferenças, da era da inspiração em vez da transpiração. Viva a agricultura de subsistência, os orgânicos, as empresas incubadas nas universidades, a cultura da periferia, as mídias comunitárias...
Numa linha de discurso mais “verde” (logo eu que odeio rótulos acabei me valendo de um), é preciso perceber que o pensamento dos séculos dezenove e vinte que atrelou felicidade e prosperidade ao crescimento industrial (com maior emissão de gases poluentes), não faz mais sentido. É angustiante concordar que Kyoto fracassou quando a economia se sobrepôs à ecologia.
Então, vamos ver a crise como um momento único para repensar valores numa verdadeira revolução axiológica. A Ética Humanista, tal qual propôs Eric Fromm, é um dos caminhos para o resgate do papel do ser humano como sujeito da história, uma história das micro-relações fundamentadas no espírito comum.