sábado, 1 de novembro de 2008

Twitter como “nova mídia” comunitária*



*Prof. Dr. Gabriel Collares Barbosa
ECO/UFRJ

Versão resumida. Em breve link para texto completo.

Associações de moradores, sindicatos, organizações, enfim, deveriam apostar cada vez mais na rede midiática social. A partir do diálogo estabelecido com os internautas, é possível antecipar ações, conhecer tendências, prover soluções... o Twitter, por exemplo, pode funcionar como um termômetro, ou melhor, um grande banco de dados para respaldar as políticas sociais. Pode ser acessado de um desktop tradicional, notebook, ou celular. Até mesmo conexão discada não é empecilho uma vez que a página carrega rapidamente.

O presidenciável Barack Obama, por exemplo, tem mais de cem mil seguidores nos Estados Unidos e é, através desse canal, que se costuma convocar simpatizantes e debater temas relevantes para a campanha. Grandes marcas de informação, como o New York Times, a BBC News ou o brasileiro G1, postam notícias naquele endereço. O fato é que o Twitter pode também funcionar como uma espécie de RSS[1]. Usuários podem mandar mensagens com links de seus blogs ou de sites que consideram interessantes e acabamos clicando para conferir as dicas que, em sua grande maioria, valem à pena.

Pequeno manual de redação

O twitter, programa de troca de impressões de mundo instantâneo, se populariza a tal ponto de os usuários proporem uma curiosa situação: criou-se um verbo no infinitivo, o twittar, como o ato de se expressar nesse novo “dialeto”. Empregamos o termo "dialeto" em sentido mais amplo, ou seja, o de considerar-se dialeto como sendo qualquer variedade lingüística - quer de natureza geográfica, quer de cunho social - que constitua um subsistema singular, unitário. Isso significa que se pode denominar de "dialetos" tanto a variedade falada numa região quanto as usadas por cada um dos segmentos que constituem a população que ali vive - desde que se determinem os traços que as particularizam, isto é, as normas que as caracterizam.

Sabe-se que há uma limitação de 140 caracteres, ou seja, o redator dispõe de aproximadamente duas linhas para emitir a informação. Caso ultrapasse, ele se vê obrigado a editar o texto a fim de que os toques sejam observados. Comentários à parte, melhor exercício para burilar a capacidade de síntese, impossível...

Vamos às proposições que formulamos a partir da observação empírica do twitter:

a) devemos emitir mensagens curtas, sintéticas, objetivas, enfim, nos valendo do conceito jornalístico de “economia combinatória”: o máximo de informação no menos espaço possível.

b) o uso de símbolos universais podem ser de grande valia já que os significados são notórios.

c) Há ainda a possibilidade de se abreviar palavras, suprimir artigos, preposições, pronomes de tratamento... até mesmo a pontuação é passível de corte, num estilo textual que, entre outros aspectos, consagrou o escritor e nobel de literatura, José Saramago[2].

d) Por fim, é crescente o uso dos 140 caracteres, ou menos, como uma chamada de noticiário, cujo texto na íntegra pode ser acessado a partir do link fornecido.

e) Não podemos menosprezar ainda os que optam por icebergs, ou seja, inicia-se o texto dentro do limite e um link nos remete para a continuação deste em outro site.

Note que composições dos quatro itens elencados acima também são possíveis, onde até mesmo a utilização de palavras de outras línguas, como a inglesa ou espanhola, são lançados à mão, na redação em Português, quando sinônimos na nossa língua pátria parecem não ser curtos o suficiente.

O Twitter já se configura como uma “nova mídia”, o que não inviabiliza a aposta, de forma integrada, de suportes paralelos. Uma sugestão para o terceiro setor é, além de twittar, criar blogs e disponibilizar, além do texto e imagens, podcasts para o internauta ouvir quando e como quiser.

[1] RSS (Really Simple Syndication) -, o assinante fica sabendo quando uma informação de interesse é veiculada.
[2] José Saramago busca reproduzir no suporte de papel um “discurso oralizado”, onde não se notam maiúsculas, abertura de parágrafos ou sinais de pontuação.

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