Na
obra Terrorismo e mídia, de José
Amaral Argolo, temos não somente a apresentação do terrorismo ao longo da
história e seus modus operandi, mas
sobretudo uma análise do papel da mídia. A partir da retórica da
hiperviolência, banaliza-se o mal e se (re)apresentam os fatos, estendendo o
alcance de um ataque a bomba nos arrabaldes polares a um evento de pauta
mundial.
Como
repórter investigativo, Argolo conseguiu se aperfeiçoar na arte de contar bem
uma história, de reunir subsídios e caminhar dentre as sombras a fim de
garimpar nomes, datas, documentos e quaisquer outras provas. Como exemplo,
podemos citar o trabalho desenvolvido por ele sobre a ação do terrorismo
político no Brasil, que resultou no best seller
“A direita explosiva no Brasil”.
Há
legitimidade em ações terroristas? Podem os fins justificar os meios? A
violência é uma fala? De quem? Essas e outras questões são tratadas com muita
competência por José Argolo. Embora o tema seja pouco palatável aos mais
sensíveis, o autor consegue adotar um estilo textual singular, o que facilita a
compreensibilidade. A metodologia empregada para a elaboração deste livro, por
exemplo, privilegiou o levantamento de dados primários, entrevistas (com fontes
ostensivas e off de record) e acesso
à material reservado (classificado como sigiloso/secreto
pelos sistemas de segurança). Além de tecer conceitos, a obra se apóia numa
didática cronologia – da Revolução Francesa, passando pelos atentados
perpetrados pelos niilistas no século XIX, às ações de hackers da era digital.
“Tanto
o Jornalismo como a Literatura, a História e a Ciência Política, trabalham com
palavras. Essas adquirem importância e são dicionarizadas definindo sentido e objeto, enquanto outras
acabam esquecidas” (ARGOLO, José. Pg. 156). Do mesmo modo, podemos dizer que
parte da lógica das ações terroristas reside na (re)tomada do lugar de fala
como garantia de verossimilhança, ainda que esta fala seja tinta de sangue e revele
o atavismo instintivo e primário da humanidade.
Terrorismo e mídia pode ser encomendado
pelo site www.e-papers.com.br.
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