quinta-feira, 24 de junho de 2010

OS NOVOS JORNAIS POPULARES POR TRÁS DAS CAPAS

    
     Os jornais populares “Meia-Hora de Notícias” e “Expresso da Informação” são grandes destaques nas bancas cariocas. Eles vendem bem devido ao preço mais barato em relação aos demais impressos, entre outros fatores. No entanto, o que mais se destaca nestes jornais são suas manchetes, que muitas vezes impressionam pela audácia ou pelo mau gosto.


     A partir da análise de sete edições de cada um destes jornais o aluno da ECO/UFRJ Pedro de Figueiredo, orientado pela Professora Dra. Cristina Rego Monteiro da Luz, identificou nos textos das editorias que publicam informações das áreas de saúde, tecnologia e empregos um conteúdo extremamente didático, que foge das gírias, figuras de linguagem e ironias da capa estereotipada. Estas seções, de frequência diária no “Meia Hora”, e alternada durante a semana no “Expresso”, trazem informações precisas e de alta qualidade para o público-leitor, especialmente das classes C e D. A abordagem é muito diferente do sensacionalismo presente nas manchetes de primeira página. O conteúdo destas editorias é bastante interessante. Enquanto em “Empregos” são valorizadas as mais diversas oportunidades de trabalho, opções de concurso e formas de qualificação profissional, “Saúde” apresenta informações sobre campanhas de vacinação, dicas de exercícios físicos para uma vida saudável, formas de prevenção e tratamento de doenças. Já “Tecnologia” ensina o leitor a utilizar ferramentas digitais, desde o twitter até editores de texto e de imagem, como o Photoshop.

     Mais do que o conteúdo, a linguagem utilizada nas reportagens e notas diferencia-se daquela usada nas chamadas de capa - é bastante simples, porém formal e está de acordo com a norma culta. Não foram encontradas gírias nem trocadilhos e a forma de abordagem é bastante didática.

     Nas editorias de polícia, geral e esportes, a linguagem das matérias também surpreende. Mesmo nas reportagens que recebem manchetes irônicas e cheias de trocadilhos pouquíssimas palavras em desacordo com a nova culta foram encontradas no corpo da matéria.

     Esta análise sugere que o conservadorismo dos jornais tradicionais se repete com bastante frequência nos jornais populares, especialmente naquelas editorias que lidam com prestação de serviço ao leitor, como saúde, tecnologia e empregos. As manchetes sensacionalistas, muitas vezes retomadas apenas nos títulos das matérias, podem ser entendidas como um forte apelo para a venda do jornal, por instigar às pessoas a serem atraídas pelo curioso, pelo diferente. Mas a manutenção do conservadorismo nas editorias de serviços destes noticiários, de uma maneira geral, pode refletir a linguagem do âmbito institucional a que pertencem, já que integram grandes empresas de comunicação.

     Desta forma, estes novos jornais populares são ambíguos: atraem aqueles que buscam uma leitura rápida com alguma qualidade por um preço baixo e garantem a sobrevida do jornal em um momento que as classes A e B têm cada vez mais trocado o impresso pela informação rápida e de fácil acesso da internet.

Autoria de Pedro de Figueiredo - graduando ECO/UFRJ

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